Saí de Portugal com 26 anos e regressei com 50.
E regressei ciente das dificuldades profissionais que um jurista com essa idade e toda uma carreira profissional como expatriado iria enfrentar.
De início correu melhor do que esperava, uma vez que passado poucos meses já tinha arranjado emprego numa organização ligada à minha anterior entidade patronal. Mas com a epidemia foi decidido o seu encerramento definitivo e, então sim, senti-me pela primeira vez verdadeiramente desempregado.
Mas fui à luta! Contactei 2 empresas de recrutamento especializadas na área jurídica e outras mais generalistas, que apenas me alertaram ainda mais para as dificuldades que iria enfrentar, sempre fruto da conjugação explosiva da idade e área profissional.
Comecei a enviar CVs e a candidatar-me a diversos concursos públicos abertos para a área jurídica ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência.
Sem qualquer resposta positiva ou animadora, sentia-me numa encruzilhada: deveria manter-me na minha área profissional, apesar de todas as dificuldades, ou antes desistir e procurar uma outra alternativa profissional, embora sem saber exatamente qual…
Foi nessa altura que um conhecido, também desempregado, me falou da dNovo e após visita ao website, submeti logo o formulário de inscrição. E em boa hora o fiz, pois tendo tido a sorte de ter sido aceite, passei a estar acompanhado e ajudado por toda uma equipa nesta luta desigual entre nós, os seniores, e as entidades empregadoras sedentas de sangue novo.
Foi-me alocado o mentor Nuno Anjo e Silva que, verdadeiramente, me mostrou um novo mundo, um mundo que eu tinha negligenciado durante todos estes anos. O mundo dos novos formatos de CV, das ferramentas sociais de avaliação de competências. Logo na 1ª reunião disse-me que teríamos que “partir muita pedra”, o que, de facto, aconteceu.
A participação em diversas iniciativas da dNovo e o contacto com diversos outros profissionais em idêntica situação foram igualmente importantes e revelador da necessidade de alterar muito da forma de me apresentar no mercado de trabalho.
Entretanto, em agosto, é-me marcada uma entrevista num dos concursos públicos a que me candidatei. Foi a 1ª oportunidade de pôr em prática os ensinamentos adquiridos com a minha participação nos diversos eventos da dNovo e nas sessões com o meu mentor. A entrevista correu-me bastante bem, mas também outras tinham corrido bem, mas sem resultados… No entanto, esta teve a particularidade de os entrevistadores, todos eles bastantes jovens, terem usado vezes sem conta a palavra senioridade. Pensei, honestamente, pelos piores motivos…
Qual não foi o meu espanto quando me foi comunicado que tinha conseguido o lugar!! Agora percebo que o que procuravam era mesmo senioridade! E como eles, não tenho dúvidas, muitas outras entidades, noutras áreas, noutros enquadramentos, estarão também à procura de senioridade.
Enfim, em novembro começo verdadeiramente dNovo, pois embora o meu trabalho vá ser jurídico, será numa área na qual nunca trabalhei antes, o que me motiva ainda mais.
Caros Profissionais da dNovo, hoje calhou-me a mim, amanhã calhará a outro. É manter o foco e não desistir.
Para terminar, quero deixar uma palavra de enorme agradecimento a todos os Voluntários da dNovo pelo acompanhamento que me deram nesta caminhada. Com eles, tudo foi bem mais fácil!
Resta-nos agradecer ao Profissional dNovo pela generosidade na partilha deste seu testemunho. Votos de continuação de muito sucesso pessoal e profissional! 🙌